“… a vida é um suceder de novos nascimentos, em que deixamos de ser e passamos a ser, num mesmo instante misterioso de criação.” – WK *1933 +2012
Willy relata num texto destinado a seu futuro livro (que não chegou a escrever), o episódio que o levou a descobrir a Medicina Psicossomática:
” Gesto Decisivo
Em 1961, quando eu ainda cursava o doutorado em Gastroenterologia, especificamente Radiologia de Estômago, na Alemanha, em Erlangen, um paciente que fazia parte das minhas pesquisas alterou-se ao receber alta. Entrou em surto. Possesso gritava: “Como não tenho nada”? “Se realmente não tenho nada o que é que eu vou falar para a minha mulher?”
(…) Enquanto o paciente contava sua vida, eu vagamente lembrava-me de algo que ouvira na faculdade, em uma conferência de um curso extra curricular. Algo com o nome de Psicanálise ou Psicossomática, o que me fez correr para uma biblioteca, logo que terminou a consulta, iniciando-me em uma profunda pesquisa científica, que dura até hoje. Naqueles tempos eu sabia intuitivamente que havia um mundo emocional, inconsciente, escondido e reprimido por trás dos sintomas físicos daquele paciente…”
(Leia este texto na íntegra clicando aqui)
Esse episódio o faz abandonar suas atividades em Erlangen e dirigir-se a um Congresso de Psicologia Médica em Freiburg, seguido de um outro Congresso de Psicoterapia na cidade de Lindau, experiências que vão mudar seu rumo para Berlim e para os caminhos internos da psique.
E Willy Kenzler nos conta o que norteou sua vida interna, como ser humano e como médico…
“ O Cerne da Minha Vida
A polêmica entre o mundo científico e os mundos emocional inconsciente e espiritual sempre fez parte da minha vida acadêmica. Estudava e me interessava pelas ciências científicas, mas sempre defendi a inclusão dos valores humanos no currículo médico. Lutava pela Medicina baseada na compreensão do ser humano e ainda continuo sonhando com uma Medicina que inclua Filosofia, História, Sociologia, Religião. “
(Leia este texto na íntegra clicando aqui)
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Da Psicossomática ao Treinamento Autógeno de Schultz
No Congresso de Psicoterapia em Lindau Willy conhece o Dr. Johannes Heinrich Schultz, renomado psiquiatra e neurologista, criador do Treinamento Autógeno, que dirigia o Instituto de Psicanálise de Berlim.
“Conheci-o em 1961. Tinha 77 anos de idade. Foi a bordo
de um vapor de turismo que levava a uma excursão pelo lago de
Constança todos os participantes do Congresso de Psicoterapia de
Lindau. Schultz, convidado de honra, atraía todas as atenções. Par-
ticipando pela primeira vez de um Congresso da especialidade, for-
mação em Medicina Psicossomática, aproximei-me para obter sua
orientação. Contava ser atendido com a tradicional polidez e obje-
tiva brevidade germânica. Admirado, verifiquei posteriormente que
conversara toda uma hora, na qual, entre comentários gerais, ·tinha
exposto e vira entendida minha situação…”
Willy afirmava que esse congresso foi um divisor de águas em sua vida. Dali muda seu rumo acadêmico, contrariamente a todas as expectativas, para dedicar-se à Psicanálise em Berlim, sob a orientação do professor Schultz.
“Eu o escolhera como meu mentor e ele me assessorou paternalmente. Foi dessa maneira que terminei meu doutoramento e me transferi para Berlim.”
Em seus muitos anos de atuação como terapeuta, participando de congressos médicos e ensinando pela vida a fora Wilhelm Kenzler trouxe ao Brasil, praticou e ensinou o Treinamento Autógeno de Schultz.
Willy foi professor de Medicina Psicossomática no Instituto Brasileiro de Estudos e Pesquisas em Gastroenterologia e na Faculdade de Filosofia Sedes Sapientiae.
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Sobre o T.A., atualmente existe algum grupo de estudos aqui em São Paulo? Pergunto pois pesquiso solitariamente e conversar com outros que se aprofundam em tal método pode ser muito enriquecedor. Fico no aguardo, Rafael